sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Crime e Pecado, de Rowan Joffe (2010)

Dois anos depois, chega às salas portuguesas «Crime e Pecado», a estreia na realização de Rowan Joffe, responsável por argumentos de filmes como «O Americano» ou «28 Semanas Depois». Para a sua primeira obra o filho de Roland Joffe escolheu realizar um remake de «Brighton Rock», um filme de John Boulting de 1947, desconhecido por estes lados, mas que tem boas referências e eventualmente será visto no futuro, tal é a curiosidade que alguns comentários têm gerado.

Centremos então as atenções na estreia de Rowan Joffe, que começa bem o filme, com uma bela cena que dá mote a todo o filme: a morte do líder de um grupo de criminosos de Brighton às mãos de um gangue rival, numa sequência bem filmada e com banda sonora a condizer. Banda sonora que neste início do filme está quase perfeita, com um assobio sinistro q.b., mas aos poucos começa a perder um pouco a sua força. Na tentativa de vingar a morte do chefe, os restantes elementos do grupo vão atrás do executor e a perseguição acaba também com a morte deste. Contudo, antes de a vingança ser posta em prática surge no meio dos planos a jovem Rose (Andrea Riseborough) que testemunha indirectamente o crime. É nesta relação entre Rose e Pinkie (Sam Riley), um dos membros do grupo que pretende substituir o chefe assassinado no início do filme, custe o que custar, que vai estar concentrado o resto do filme, pois Pinkie tenta silenciar Rose, sem olhar a meios.

Tecnicamente «Crime e Pecado» é uma boa estreia, mas o resultado final parece um objecto sem alma. Temos uma boa recriação de época, sobretudo na forma como explora os confrontos entre Mods e Rockers na Inglaterra dos anos 1960 numa das cenas, acompanhada por uma boa fotografia, mas o argumento acaba por ser um pouco vazio e confuso. Tudo avança demasiado depressa, sem que as personagens sejam devidamente exploradas, mesmo que tenham personalidades bastante fortes e vincadas, como é o caso do próprio Pinkie, uma personagem que merecia mais, apesar de a interpretação de Sam Riley estar assombrosa. Nem sequer vale a pena referir a maior parte dos secundários, que mal tem tempo para respirar.

Falta qualquer coisa neste remake para estarmos perante um grande filme ou pelo menos para ser um daqueles filmes que nos lembremos daqui por uns tempos, quando quisermos dar exemplos de bons filmes sobre criminosos. Mas tal não significa que «Crime e Pecado» não tenha bons indícios para manter Rowan Joffe debaixo de olho numa futura longa-metragem. É esperar para ver.

Classificação: 3/5

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