sábado, 15 de setembro de 2012

Motelx 2012: Ghost Story of Yotsuya, de Nobuo Nakagawa (1959) e Un Jour Sang, de Steven Pravong (2011)

Considerado como um dos primeiros filmes de terror japonês a inspirar o que se faz actualmente no Japão dentro do género, «Ghost Story of Yotsuya» é, a par de «Jingoku», uma das obras mais populares de Nobuo Nakagawa. O filme de 1959 foi uma das visitas ao passado proporcionadas pelo Motelx na edição de 2012 do festival, no âmbito da secção Japão Retro, dedicada aos grandes mestres nipónicos do terror. E  esta visita ao passado acabou por compensar, não só por permitir ver um sala um bom filme de terror, mas também por dar a descobrir um nome que por estes lados era praticamente desconhecido, com excepção do já referido «Jingoku», filme que passou pelas telas do Motelx em 2010.

Inspirado num conto clássico japonês, «Ghost Story of Yotsuya» relata a história de Iemon (Shigeru Amachi), um samurai sem escrúpulos que começa a ser visitado pelos fantasmas das suas vítimas que procuram vingança pelos actos cometidos por Iemon. Quem estiver à espera de gore ou cenas demasiado violentas, não vale a pena aventurar-se neste filme. Apesar de algumas cenas algo fortes (e nestes casos temos sempre de ter em conta a época em que o filme foi realizado, numa altura em que os efeitos especiais e a caracterização ainda eram um pouco rudimentares, sobretudo os primeiros, pois a caracterização até nem está mal no filme), «Ghost Story of Yotsuya» vive muito do ambiente criado por Nobuo Nakagawa. A forma como elementos como a água ou o nevoeiro são utilizados, nomeadamente no final do filme, ajudam a criar uma atmosfera bem conseguida para esta história de fantasmas.

Apesar de parecer um pouco datado, como outros espectadores referiram no final, (mas uma vez mais convém referir que estes filmes devem ser vistos à luz da época em que foram realizados), esta é uma boa obra de terror, ideal para quem não é grande fã do género, mas gosta de conhecer filmes mais clássicos, como é este o caso, onde o sangue não tem necessariamente de aparecer em 9 em cada 10 fotogramas para proporcionar uma boa experiência.

Classificação: 4/5


(com spoilers)
Antes do 'prato principal', a curta-metragem «Un Jour Sang», de Steven Pravong, foi o 'aperitivo' da sessão. Vindo de França, país que nos últimos anos tem apresentado algumas obras que têm dado que falar dentro do género do terror, este pequeno filme aposta em não mostrar o que se passa numa longa sequência de tortura, mas somos 'obrigados' a ouvir o que se passa algures. Apesar de não ser demasiado visual, o som dos instrumentos e dos gritos da vítima são utilizados para provocar o efeito de terror no espectador. Mas o que à partida até seria uma ideia boa ideia acaba por falhar, pois as imagens da montagem paralela, que mostram vítima e carrasco em cenas anteriores ou posteriores à tortura, não conseguem atingir o objectivo. Resta a originalidade de uma tentativa que podia e merecia ter melhor resultado.

Classificação: 3/5

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