quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Pulp Fiction, de Quentin Tarantino (1994)

Corria o ano de 1992 quando um jovem realizador, de seu nome Quentin Tarantino, realizou a sua primeira longa-metragem oficial, filme que cedo se tornou de culto. Dois anos depois desta auspiciosa estreia (o cineasta tem duas experiências anteriores no currículo, mas pouco conhecidas ou relegadas ao esquecimento) com «Cães Danados», Tarantino voltou à carga com um filme que se tornaria ainda mais importante na sua carreira e um dos principais clássicos do cinema da década de 1990, conquistando nesse ano a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Quase que corria o risco de espicaçar os fãs do realizador e afirmar que depois de «Pulp Fiction» Quentin Tarantino nunca mais conseguiu alcançar tamanha genialidade. O que não significa que o homem que saltou do videoclube para a cadeira de realizador, segundo reza a lenda, não seja um dos mais originais realizadores norte-americanos da actualidade, capaz de explorar e homenagear géneros ditos menores como ninguém. E com resultados bastante recomendáveis.

No caso de «Pulp Fiction», como o próprio nome indica, a homenagem é feita aos livros deste género, que normalmente relatam histórias de crime protagonizadas por personagens que vivem à margem da sociedade. E praticamente todas as personagens deste filme se tornaram míticas, desde a dupla Jules (Samuel L. Jackson) e Vincent (John Travolta) ao par de ladrões Pumpkin (Tim Roth) e Honey Bunny (Amanda Plummer), passando por Zed (Peter Greene) ou o gangster Marsellus Wallace (Ving Rhames). A juntar a estas personagens que alcançaram o estatuto de ícone, «Pulp Fiction» inclui ainda diálogos memoráveis que são praticamente conhecidos de fio a pavio por todos os fãs do filme.

«Pulp Fiction» quase que pode ser visto como um upgrade a «Cães Danados», pois todos os elementos que já eram explorados na primeira longa-metragem de Tarantino (a banda sonora com músicas que ficam no ouvido, apesar de não serem grandes clássicos, personagens marcantes, excelentes diálogos, uma história contada através de várias perspectivas, etc.) são aqui levados mais a fundo. Nota-se que o realizador já conta com mais meios, tem um elenco de actores com algumas estrelas, algumas que na altura estavam um pouco esquecidas, como é o caso de Travolta, que viu a sua carreira relançada com este filme, e estrelas em ascensão, como aconteceu com Uma Thurman, que posteriormente se tornou uma das musas de Tarantino em «Kill Bill». E a forma de filmar, com vários longos travellings que nos levam literalmente a percorrer os cenários de uma LA marginal atrás destas personagens fora da lei, já começa a ser aquela que iria ser umas das imagens de marca do cineasta.

Actualmente, quase 20 anos após a sua estreia, «Pulp Fiction» continua a ser um filme de culto e uma das obras mais importantes do cinema norte-americano da década de 1990, com a particularidade de ser também um daqueles filmes que não perdeu o brilho. Apesar de alguns aspectos nos remeterem para aquela época, a segunda longa-metragem de Quentin Tarantino envelheceu bem e continua a fascinar os fãs do realizador a cada novo visionamento.

Classificação: 5/5

2 comentários:

  1. Tudo verdade, projeccionista! Belo texto.
    Este e o grande filme de Tarantino! Comigo vale nota máxima também!
    E passo a vida a ouvir algumas das canções desse filme. É um filme perfeito!

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  2. Obrigado :) Tive oportunidade de o rever ontem e foi fantástico ver como o filme envelheceu mesmo muito bem, pelo menos na minha opinião. Há tempos também tinha revisto o «Cães Danados» e, apesar de continuar a gostar do filme, penso que não sobreviveu tão bem ao tempo.
    A banda sonora é perfeita, como qualquer outra dos filmes do Tarantino.

    Cumprimentos

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