sábado, 3 de novembro de 2012

007 - Skyfall, de Sam Mendes (2012)

James Bond faz 50 anos e como prenda de aniversário os fãs tiveram direito a mais um filme protagonizado pelo espião preferido de Sua Majestade. Passado meio século após a estreia do primeiro filme dedicado ao mítico 007, continuará a fazer sentido um novo filme com a personagem criada por Ian Fleming? Aparentemente sim, quanto mais não seja pelos resultados de bilheteira que «007 - Skyfall» está a ter, o que garante que James Bond continua a ter público, mesmo numa altura em que filmes como a saga de Jason Bourne conseguiram estabelecer uma novo padrão neste género de filmes. E a influência de Bourne notou-se  quando Daniel Craig foi contratado para vestir o smoking do agente secreto, em 2006, numa tentativa de renovação da série.

Em «007 - Skyfall», James Bond está de regresso mas a um estilo mais clássico. A trama do filme gira à volta do roubo de uma lista com o nome de vários espiões britânicos que James Bond não consegue recuperar mesmo depois de uma longa perseguição pelas ruas de uma cidade turca. Como seria de esperar a lista vai parar às mãos de quem não deve e aos poucos os nomes dos espiões começam a ser divulgados na Internet. 007 é então chamado de volta para ir atrás do autor do roubo, que mais tarde sabemos estar ligado ao passado de M (Judi Dench), personagem que neste episódio do franchise ganha um certo destaque, merecido, tendo em conta o desfecho do filme.

Mais do que um filme de acção e espionagem, com 007 a lutar contra uma conspiração mundial, este novo capítulo das aventuras de James Bond mostra-nos uma personagem mais vulnerável. Se antes James Bond era imbatível, fosse quem fosse o inimigo, neste novo filme tanto 007 como M estão a ficar mais velhos e demonstram algumas vulnerabilidades que outrora eram inimagináveis. Esta foi também uma forma de os responsáveis pela saga aproveitarem para apresentar alguns detalhes do passado destas duas personagens e ao mesmo tempo adequar o franchise aos dias de hoje, ao escolher um inimigo (Javier Bardem a fazer mais do mesmo e um pouco mal aproveitado) que de início não se sabe bem quem é e que intenções tem. Mas no fim este objectivo acaba por falhar, pois ficamos a saber que as intenções do inimigo não são assim tão fortes, não há uma agenda de domínio global ou para instituir uma nova ordem, como seria de esperar.

Contudo, este elemento da explicação do passado de 007 serve também para introduzir algumas piadas e um piscar de olho aos que criticaram a renovação da série. Há em «007 - Skyfall» várias cenas onde se nota isso, desde o primeiro diálogo entre James Bond e um jovem Q, que lhe apresenta os novos gadgets de uma forma a espicaçar 007, à espera de novas engenhocas, até à entrada em cena do popular Auston Martin, que recupera a faceta mais clássica do espião. Apesar disso, o filme acaba por desiludir um pouco os fãs da série, pois não consegue manter o equilíbrio entre ser um filme para captar novos adeptos ou um filme para os verdadeiros fãs de 007.

Sam Mendes, um bom realizador com provas dadas nos seus filmes anteriores, dá um passo em falso na sua carreira. É certo que este não é o habitat natural do cineasta, mais habituado a produções não tão megalómanas como um filme de James Bond, mas o peso da saga nota-se no resultado final. O que Sam Mendes anteriormente tinha conseguido fazer com menos meios, filmes mais pessoais e de certa forma com uma marca própria, desta vez não consegue pois o realizador parece estar demasiado preso às grilhetas de 007. Ou seja, tudo aquilo que vemos é tudo o que estamos à espera de um novo filme de James Bond. Nem mais, nem menos. E, claramente, Sam Mendes não teve unhas para tocar esta guitarra e não traz nada de novo à saga.

Classificação: 3/5

2 comentários:

  1. Concordo, não sendo um mau filme, tão pouco é bom. Negligencia demasiado o argumento e às tantas reduz-se a mais um mero filme de acção, acrescentando pouco ao universo Bond. Depois e em relação a Sam Mendes, acaba por ser uma desilução, sobretudo depois de o realizador ainda "meter" ali no meio duas cenas muito boas - a da luta no arranha-céus em contraluz e a entrada de Bardem num longo plano.

    Cumprimentos,
    Jorge Teixeira
    Caminho Largo

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    1. O que mais pena tive neste filme foi ver um realizador que aprecio espalhar-se ao comprido quando pensei que até poderia trazer algo de novo para a série. Vamos esperar pelo próximo filme dele para esquecer este.

      Cumprimentos

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