sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Dos Homens Sem Lei, de John Hillcoat (2012)

A parceria entre o realizador John Hillcoat e o seu compatriota Nick Cave volta a dar frutos no ano da graça de 2012. Depois de ter escrito os argumentos de «Ghost...of the Civil Dead» e «Escolha Mortal», o cantor australiano assina o argumento do mais recente filme de John Hillcoat. Desta vez somos transportados para o período da Lei Seca nos EUA onde travamos conhecimento com três irmãos que se dedicam ao contrabando de álcool numa altura em que a venda desse líquido era ilegal. Esta proibição acabou por ter efeitos indesejados e toda uma economia paralela, dominada pela máfia, nasceu à conta da polémica legislação.

Os irmãos Jack, Forrest e Howard Bondurant (Shia LaBeouf, Tom Hardy e Jason Clarke), personagens que existiram de facto e cujas proezas são descritas no livro que serve de base ao filme de Hillcoat («The Wettest County in the World», escrito por um dos netos dos Bondurant e publicado em 2008), eram apenas um dos elos da cadeia de distribuição dessa economia paralela e juntos criaram um negócio familiar no condado de Franklin, à semelhança de muitos outros habitantes daquele condado do estado da Virgínia. O filme descreve a forma como os três irmãos criaram o seu negócio e enfrentaram as autoridades, encabeçadas por Charley Rakes (Guy Pearce), um agente especial que vem de Chicago supostamente para manter a lei, mas apenas quer uma parte dos lucros dos produtores de álcool da região para que ninguém seja prejudicado. Ao contrário dos seus conterrâneos, os Bondurant não temem as ameaças de Rakes e recusam-se a pagar, dando início a uma guerra sem quartel, com espaço para tudo: lealdade familiar, conflitos entre grupos de contrabandistas rivais e agentes corruptos.

Tal como «Escolha Mortal» já tinha de certa forma recuperado os westerns, «Dos Homens Sem Lei» vem recuperar os filmes de gangsters que ultimamente estão a ser alvo de um certo revivalismo (assim de repente lembramo-nos de «Inimigos Públicos», o último filme de Michael Mann). Os tons violentos estão presentes em ambos os filmes, assim como a recriação da época, mas falta qualquer coisa ao novo filme de John Hillcoat para estar ao nível de obras anteriores do cineasta. Contando com um elenco de luxo, tanto a nível dos protagonistas, como dos secundários (aqui não podíamos deixar de destacar a presença de Gary Oldman, que mesmo sendo um secundaríssimo e com poucas cenas tem mais uma interpretação magnífica a juntar ao currículo), há que dar mérito a Shia LaBeouf na sua composição bem conseguida da figura do irmão mais novo dos Bondurant.

Contudo o elo mais fraco do filme acaba por ser o argumento, que nunca vai muito além da simples história e não dá grande espaço de evolução às personagens. Mesmo a história de Jack, que é o narrador e no fundo é também a personagem principal de «Dos Homens Sem Lei», é demasiado vaga e pouco explorada. Tudo corre demasiado depressa, quase que não há espaço para a acção fluir e certos episódios não se percebem porque raio aconteceram. O que acaba por ser um ponto negativo num filme que tinha tudo para ter melhores resultados: um bom elenco e um realizador com talento que conseguiu recriar bastante bem o período que se pretendia retratar. Mas faltou o essencial: uma história bem contada.

Classificação: 3/5

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