quinta-feira, 9 de maio de 2013

Transe, de Danny Boyle (2013)

Depois do brilharete alcançado na cerimónia de abertura da última edição dos Jogos Olímpicos, realizada em Londres no ano passado, Danny Boyle está de regresso aos filmes com algo mais negro do que o espírito das Olimpíadas. «Transe» é também o filme do realizador britânico posterior à aclamação obtida por «127 Horas» e «Quem Quer Ser Bilionário?», obras que o levaram a conquistar inúmeros óscares e nomeações aos prémios da Academia. Mas o lado mais humano destes anteriores filmes e dos Jogos Olímpicos fica de fora de «Transe» onde entramos, literalmente, dentro dos meandros mais escuros da mente humana. O protagonista é Simon (James McAvoy), o funcionário de uma leiloeira envolvido no roubo de um valioso quadro durante um leilão. O assalto corre de feição até que os cúmplices de Simon descobrem que afinal apenas têm nas mãos uma moldura sem tela. Para tentarem reaver o quadro vão atrás do funcionário da leiloeira, que entretanto ficara amnésico por ter levado uma pancada na cabeça. Será com a ajuda de uma hipnoterapeuta, contratada para entrar dentro da mente de Simon, que os criminosos vão tentar reaver o objecto roubado.

Contar mais pormenores sobre a trama de «Transe» é complicado, pois este é um daqueles filmes em que quanto menos se souber antes de entrarmos na sala, melhor. São tantas as reviravoltas e entradas e saídas de dentro da cabeça de Simon ao longo do filme que fazer spoilers é estragar toda a experiência de ver o filme. E se esta confusão, com inúmeras reviravoltas a acontecerem ao mesmo tempo, sobretudo na segunda metade do filme, quando o novelo se começa a desenrolar, podia funcionar contra «Transe», a verdade é que Danny Boyle dá conta do recado, não deixando pontas soltas.

O problema é que acaba por ter um final bastante fraco tendo em conta o material que tinha em mãos, dando a sensação que «Transe» fica bastante perto de ser um grande filme (e isso acaba por acontecer por diversas vezes ao longo do filme), mas acaba por ficar a meio caminho. É uma obra interessante a espaços, quase como que uma revisitação do filme Noir para os tempos modernos por parte do cineasta britânico (e esta não é a primeira vez que Boyle explora diferentes géneros, como aconteceu, por exemplo, com a ficção científica em «Missão Solar» ou o terror em «28 Dias Depois»), com Boyle a aproveitar a sua maneira de filmar para a adaptar ao género (e com bons resultados), mas que apenas peca por falhar na recta final, desperdiçando uma boa história com um final com muito pouco sal.

Classificação: 3/5

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